Maria Milza
Maria Milza Santos Fonseca nasceu em 15 de agosto de 1923, na comunidade rural de Alagoas, localizada a 12 km de Itaberaba, no interior da Bahia (Diocese de Ruy Barbosa). Penúltima de dez irmãos, foi criada em um lar profundamente cristão, sendo filha de Theotônio Ferreira da Fonseca carpinteiro, marceneiro e ferreiro e de Tereza Santos Fonseca, dona de casa. Desde jovem, Maria Milza demonstrava um espírito extraordinário de caridade e devoção à fé católica, características que moldaram sua vida e deixaram um legado espiritual profundamente enraizado na região.
Crescendo em uma comunidade rural e humilde, Maria Milza aprendeu desde cedo a importância da partilha e da solidariedade. Mesmo com poucos recursos, fazia questão de ajudar os mais necessitados. Segundo relatos de seus familiares, sua infância e juventude foram marcadas pela caridade, sendo muito atenta às necessidades alheias, especialmente às dos doentes. Era notável sua disposição em cuidar dos enfermos, não se deixando intimidar pela natureza da doença fosse ela simples ou grave. Desde adolescente, empenhava-se em organizar campanhas para arrecadar fundos a fim de comprar mantimentos e remédios para os necessitados e doentes, sendo que ela mesma realizava as compras.
Maria Milza também dedicava atenção especial às crianças, seja introduzindo-as no caminho religioso, seja promovendo atividades lúdicas. Aos domingos, criava diversas brincadeiras para alegrar os pequenos da vizinhança. Embora tenha crescido em um ambiente rural, seu trabalho sempre envolveu auxiliar a mãe nas tarefas domésticas e, principalmente, ajudar os mais pobres.
Com o passar do tempo, Maria Milza teve uma intuição, atribuída a uma comunicação de Nossa Senhora, de que em Alagoas ela receberia os “amigos de Jesus”, referindo-se aos aleijados e doentes que chegariam para serem cuidados por ela. E assim aconteceu, utilizando a “casa de França” como o primeiro local de acolhimento dessas pessoas.
Ainda jovem, aprendeu a tricotar com uma professora de Salvador e confeccionava muitas peças para doar. Além disso, possuía grande vocação e habilidade para cuidar de doentes, o que a levou, já na juventude, a ir para Salvador como cuidadora de uma senhora conhecida da família. Contudo, essa experiência durou pouco, e logo retornou ao interior, passando um período na fazenda de seu tio Severo, onde aprendeu a bordar com o intuito de obter recursos para ajudar os necessitados por meio da venda de seus trabalhos.
Foi nesse período que começaram os relatos dos primeiros milagres atribuídos às suas preces a Nossa Senhora. O primeiro deles, muitas vezes despercebido, foi a cura de um menino, filho de um empregado de seu tio. O menino estava acamado, e a família se preparava para levá-lo ao médico na cidade, quando Maria Milza pediu para vê-lo, rezou uma Ave-Maria e o menino ficou curado.
Maria Milza foi uma mulher profundamente dedicada à oração e à intercessão pelos outros. Além de oferecer ajuda material, cultivava uma espiritualidade exemplar. Com seu rosário nas mãos e um profundo amor por Nossa Senhora a quem carinhosamente chamava de “Mãezinha do Céu” tornou-se uma intercessora espiritual para muitos que a procuravam em momentos de necessidade. E não eram poucos os que recorriam a ela.
Com o fenômeno e os relatos das curas, muitos peregrinos passaram a se dirigir até Alagoas. Deste lugar, muitas graças foram alcançadas. Diante dessa realidade, Maria Milza sempre atribuía essas bênçãos à intercessão de Nossa Senhora das Graças e nunca a ela própria. Pelo contrário, sempre que alguém dizia que ela havia feito um milagre, ela logo corrigia: “Foi a intercessão de Nossa Senhora.”
Mesmo após sua morte, em 17 de dezembro de 1993, a devoção a Maria Milza só cresceu. Ela foi sepultada na capela de Santo Antônio, na comunidade de Alagoas, e até hoje muitos romeiros e romeiras visitam seu túmulo, movidos pela fé em sua intercessão. O testemunho de sua vida, dedicada à oração, à caridade e à confiança em Deus, permanece como um legado vivo, inspirando gerações a seguirem seu exemplo de amor ao próximo e devoção a Cristo e à sua Mãe Santíssima.
Acreditamos que sua vida simples, porém heroica, merece ser reconhecida pela Igreja e estudada como possível exemplo de santidade.
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